Quando os caídos se levantam

O que faz uma pessoa caída levantar-se? Quando caem os grandes, o que eles fazem para continuar sua jornada? E quando é VOCÊ quem cai, que atitudes se sobressaem dos escombros de sua malversação dos caminhos da vida?
 
O sábio Salomão aponta para dois tipos antagônicos de pessoas e suas reações: “Porque sete vezes cairá o justo e se levantará; mas os perversos são derribados pela calamidade” (Pv 24.16).
 
Dependendo do grupo em que a pessoa decida estar, pelo menos uma pergunta se aplicará igualmente a eles: Do que são feitas as estruturas do seu coração?
 
Algumas pessoas não possuem resistência espiritual alguma, ficando reféns de instabilidades do caráter malformado ou deformado. Outras, de tão emocionalmente instáveis, implodem sob a pressão de oposições gratuitas, vivendo numa bipolaridade emocional que submete suas almas a um ioiô emocional que as destrói lentamente. A maioria das pessoas, sem o devido preparo para enfrentar os embates da vida, geralmente desistem diante do primeiro embate dos críticos de plantão.
 
Para esses tipos de pessoas, a queda (quer seja uma derrocada moral ou uma hecatombe profissional) é a simples manifestação histórica do que já estava constituído, disposto e paramentado em seu interior.
 
A Bíblia, porém, fala de gente que suporta as piores crises e, mesmo assim, permanece sonhando, reerguendo-se e voltando à luta.
 
Segundo expressa o sábio Salomão, “cair sete vezes” não se refere a uma vida de pecado contumaz, de prática contínua de iniquidade – pois o texto bíblico fala sobre a vida do justo -, e sim, relata as circunstâncias da vida que constantemente nos tomam de assalto em suas armadilhas surpreendentes.
 
As arapucas emocionais da vida, os laços de malignidades incapacitantes, os apelos das facilidades destrutivas, todas essas vicissitudes da existência atentam contra o justo, mas não conseguem obstaculizar o seu caminho nem destruir os seus sonhos. Porque há uma Fortaleza que o sustém: o Senhor que lhe ampara e guarda.
 
Depois da tragédia da Queda no Éden, cair faz parte do horizonte de possibilidades da vida humana. Deste modo, a questão não é se você vai cair ou não, mas se você tem resiliência, ou seja, se sua vida de comunhão com Deus lhe favorece a capacitação de fortalecimento interior para reerguer-se diante de fracassos e derrotas ocasionais.
 
O salmista declara sua fé de que a queda não é a palavra final, mas que “o SENHOR levanta os abatidos”, porque “o SENHOR ama os justos” (Sl 146.8). A fé leva o justo a esperar somente em Deus, crendo que finalmente o levantará; e isto, ao fim e ao cabo, o mantém livre dos tentáculos fatalistas da desistência.
 
Não é a invencibilidade que caracteriza o justo, não é a invulnerabilidade que identifica o santo; o que revela ao mundo nosso caráter reto e transformado por Deus é a capacidade de continuar crendo na fidelidade e bondade de Deus mesmo em momentos adversativos de queda, angústia e dor.
 
Davi, o rei de Israel, tendo cometido grandes pecados contra Deus, vivia dias de grande angústia e fracasso. Parecia que tudo estava acabado. Ele havia caído fragorosamente. Poderia ainda levantar-se? Essa era a questão na boca do povo.
 
Em sua oração de confissão, Davi vislumbra que ainda tem uma esperança e a vitória futura não lhe era uma quimera; portanto, ele diz:
 
“Tira de mim o meu pecado, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir outra vez os sons de alegria e de felicidade; e, ainda que tenhas me esmagado e quebrado, eu serei feliz de novo” (Sl 51.7,8).
 
Claro, havia uma esperança. Com Deus, e somente com Ele, podemos ter a esperança de reerguer-nos sempre para vivermos dias melhores e mais produtivos.
 
Portanto, erga-se, levante-se, procure em Deus a força para seguir avante, pois Aquele que lhe escolheu é fiel para garantir a sua Vitória.
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

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